Harum Peruchi de Almeida, 11 anos, mora em Piracicaba (SP) e teve trabalho que monitora nível e qualidade da água do Rio que corta a cidade aprovado em evento brasileiro. Harum Peruchi de Almeida, de 11 anos, morador de Piracicaba (SP), quer ser engenheiro agrícola.
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
Foi durante um passeio de bicicleta com mãe na região do mirante do rio que leva o nome da cidade, em Piracicaba (SP), que Harum Peruchi de Almeida, de 11 anos, começou a se interessar pela observação do manancial, se o nível da água subia ou baixava, se chovia, se fazia muito calor, se havia descarte de lixo. Os dois resolveram começar um trabalho conjunto de monitoramento hidrológico semanal em dois pontos do leito, iniciado em fevereiro deste ano.
Dessas atividades de observação e percepção sobre o rio e seu entorno, resultou o trabalho científico do qual Harum assina como coautor e que foi aprovado para ser apresentado no 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, em novembro, no Rio de Janeiro, na modalidade relato de experiência. A pesquisa ainda está em andamento.
A ideia de monitorar o Rio Piracicaba semanalmente surgiu de andanças de bike e conversas às margens do Rio Piracicaba
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
Harum Peruchi de Almeida, de 11 anos, quer ser engenheiro agrícola quando crescer, pratica caiaque e anda de bicicleta para monitorar o leito do Rio Piracicaba
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
Com o título “O Rio Piracicaba aos 11 anos: aprendendo hidrologia e agroecologia através da observação e dos sentidos”, o relato de experiência tem um texto escrito de próprio punho por Harum que, em um trecho, explica a intenção do trabalho:
“[…] A intenção é ver como o Rio [de Piracicaba] vai mudando com o decorrer dos meses. […] Tem vez que está mais baixo, mais limpo. Quando chove, fica mais sujo, pois as gotas d´água batem no solo e caem no rio, porque esse solo é de cana-de-açúcar, então é muito judiado. Mas, quando a chuva cai em solo de agrofloresta, a água fica no solo”, explica o pesquisador mirim.
A relação próxima do garoto com a terra e água começou em casa, de geração para geração, com a influência da mãe, a Engenheira Florestal Fernanda Peruchi, dos avós e outros familiares, agricultores de Cordeirópolis (SP).
Dia das Crianças
A desenvoltura de Harum ao explicar sobre a importância de se preservar o solo e os rios surpreende. Ele já sabe bem o que quer ser quando crescer: “engenheiro agrícola” – declarou se titubear. Embora não esconda algum interesse com área de maquinários.
Tanto que, sobre a pergunta do que esperava fazer no Dia das Crianças, celebrado nesta quinta-feira (12), o menino foi veloz: “quero andar de trator com eu avô”, disse. “Mas, talvez, eu ande com o meu tio”, detalhou.
Harum Peruche de Almeida, de 11 anos, participa como coautor de trabalho em Congresso Nacional de Agroecologia
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
Harum é um dos dias de monitoramento e observação do Rio Piracicaba
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
Orgulho de mãe
A mãe de Harum, Fernanda Peruchi, de 40 anos, descreve a sensação de ter uma trabalho acadêmico escrito junto com o filho, de 11. “As lágrimas se escorrem”, se emociona. “Esse trabalho partiu do amor pelo Rio Piracicaba, pela hidrologia e agroecologia”, afirma.
A engenheiro florestal disse que é difícil expressar com palavras o que sente ao escrever, junto do filho, sobre “coisas” de que gosta.
Carta aceite de trabalho enviado ao 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia
Reprodução
“Que outras pessoas possam fazer junto dos filhos aquilo que ama. Não precisa ser apresentar um trabalho em um congresso. Pode ser um passeio pelo Rio, um acampamento, um passeio de bicicleta!”, aconselha e esclarece que o conhecimento é possível para todos. “Isso é a ciência é cidadã”, acrescenta.
“Esse singelo monitoramento do Rio surgiu através de conversas entre mãe e filho nas andanças de bicicleta que eles faziam pelas suas margens”, conclui.
Harum e a mãe, Fernanda, praticam caiaque no Rio Piracicaba
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
Importância do contato com a natureza
O contato com a natureza é muito importante no desenvolvimento dos pequenos.
Para Fernanda, essa relação próxima da criança com a natureza auxilia no desenvolvimento da noção de pertencimento no mundo, que ela faz parte do meio.
“Auxilia a entender a importância da conservação e como tudo é uma rede, como a forma de plantio, as florestas, a conservação de solos podem influenciar a água do Rio; a valorizar aquele que planta de uma forma mais harmônica, a agricultura familiar e agroecologica; a trazer tranquilidade, “paz de espirito”. Estar em meio a natureza gera diversos beneficios aos individuos, estudos tem apresentado isso”, ressalta.
No Dia das Crianças, Harum, de 11 anos, morador de Piracicaba, quer andar de trator com o avó e o tio
Fernanda Peruche/Arquivo pessoal
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Fonte: G1 Read More