Sonhando em cursar medicina, Luana Pizzolato, de 20 anos, se preparava para o exame escrevendo dois textos por semana. Segundo ela, hábito de leitura e repertório amplo contribuíram para o resultado. Redação que recebeu nota mil no Enem e reação de Luana ao saber sobre o desempenho no exame
Reprodução/Redes sociais
A estudante Luana Pizzolato, de 20 anos, foi uma das sete pessoas do estado de São Paulo a tirar nota mil na redação do Enem 2023. A moradora de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, sonha com uma vaga no curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quando o resultado das provas foi divulgado, na terça-feira (16), Luana teve dificuldade em acessar o site do Inep e só conseguiu conferir seu desempenho cerca de duas horas depois, com a ajuda de uma amiga. As duas se falavam por videochamada quando veio a notícia tão esperada.
“Eu só queria saber disso. [A nota da redação] era o que mais me preocupava. Quando veio o mil, eu simplesmente não acreditei, é uma coisa que nunca pensei que fosse acontecer comigo. Quando fiz meu texto, estava tranquila, mas, quando saí da prova, eu comecei a pensar em mil coisas que poderiam ter dado errado. Então, [quando recebi a notícia] eu gritei, chorei, deitei no chão chorando, estava muito feliz”, contou ao g1.
Em todo o Brasil, apenas 60 candidatos tiveram 100% de aproveitamento na produção de texto do Exame Nacional do Ensino Médio, sendo quatro deles da rede pública — nenhum desses de São Paulo.
Rotina de estudos
Luana prestou o Enem por cinco anos seguidos, dois como treineira e três como candidata, e foi em 2023 que conseguiu seu melhor desempenho. Até então, sua nota mais alta em redação havia sido 920, três anos antes.
“Eu sempre gostei de ler, a minha infância inteira, então eu nunca tive dificuldade em escrever, só que eu tinha notas que eram medianas. Para medicina, conseguir um notão é algo que te dispara [à frente] dos concorrentes”, afirmou.
Notas de Luana Pizzolato no Enem 2023
Reprodução/Arquivo pessoal
Mesmo com o hábito de leitura, ela contou que sua maior dificuldade no Enem foi na área de linguagens, que tradicionalmente envolve enunciados longos e uma grande quantidade de textos interpretativos.
Neste último ano, além de cursinho a distância, a jovem fez aulas extras de redação, escrevendo dois textos por semana para praticar o controle de tempo durante a prova. Ela também passou a compartilhar a rotina de estudos nas redes sociais, em uma conta dedicada somente a isso.
“Foi um refúgio para mim ano passado, porque eu me senti compreendida. Meus amigos de escola já estavam em outra fase, na faculdade, em outros cursos, então é muito difícil. Só quem faz cursinho é que entende. Na conta de estudos, você está rodeado de gente que também está nesse meio”, relatou Luana.
Luana Pizzolato compartilhando na internet sua rotina de estudos para o vestibular
Reprodução/Redes sociais
Ao todo, Luana prestou nove vestibulares em 2023. Nos anos anteriores, ela já havia sido aprovada em duas universidades particulares, mas seu objetivo é conquistar uma vaga em uma instituição pública. Por isso, está bastante ansiosa quanto à inscrição no Sisu e à divulgação dos resultados, que vai ocorrer em 30 de janeiro.
“Eu nunca tive chances reais no Sisu, sabe? Ano passado, lembro que nem fiquei ansiosa com o Enem, porque não tinha chance. Neste ano estou bem ansiosa porque me sinto muito mais confiante”, contou.
Conselhos nota mil
Luana Pizzolato, uma das estudantes que tirou nota mil na redação do Enem 2023
Reprodução/Arquivo pessoal
Luana acredita que sua facilidade em escrever está relacionada a um fator que vai além da prática: o contato desde muito cedo com o universo literário.
“Quando a gente lê livro, é muito mais fácil ter uma fluidez na hora de escrever, já que a gente está em contato com textos de forma mais frequente. Pode ser um livro mais do seu gosto, uma coisa como lazer”, aconselha a estudante.
Outro aspecto que a jovem considera relevante para a elaboração de textos é a diversidade de repertório.
“O pessoal fica bem travado — ‘ah, só posso citar um repertório pertinente se for um sociólogo e tal’, mas isso não é verdade. Eu acho que um sociólogo pode, sim, te ajudar em redação, mas não em todas. Livro, filme, série, história, notícia, tudo é repertório. É uma coisa muito ampla, só que eu sinto que as pessoas se concentram muito em usar alguma coisa intelectual.”
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Fonte: G1 Read More