Singapura tem sido historicamente muito bem-sucedida em matemática, em particular, e isso se deve em grande parte à forma como disciplina é ensinada. Singapura destacou-se em matemática no Pisa 2022
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Singapura obteve a melhor classificação global em matemática, leitura e ciências entre os alunos nos testes do Pisa (o Programa Internacional de Avaliação de Alunos) para 2022.
O país tem sido historicamente muito bem-sucedido em matemática, e isso se deve em grande parte à forma como a disciplina é ensinada.
O que é a ‘método de Singapura’ e por que faz tanto sucesso?
O Pisa é um sistema de classificação dos padrões educacionais de jovens de 15 anos, coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A prova é realizada a cada três anos. Mas, devido à pandemia, o exame foi adiado de 2021 para 2022.
Em matemática, os jovens de 15 anos em Singapura obtiveram 575 pontos, em comparação com uma média de 472 pontos nos 81 países participantes.
Já a pontuação do Brasil foi de 379, abaixo da média e um dos piores desempenhos entre todas as nações avaliadas.
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As autoridades de Singapura acreditam que a matemática desempenha um papel importante na preparação das pessoas para pensarem de forma lógica e analítica, pelo que, desde muito jovens, as crianças do país aprendem a desenvolver processos matemáticos críticos, como o raciocínio, a comunicação e a modelagem.
A abordagem característica do país para o ensino de matemática é comumente conhecida como “método de Singapura”:
Foi originalmente desenvolvido pelo Ministério da Educação de Singapura na década de 1980 para as suas escolas públicas.
O método muda seu foco da memorização para uma compreensão mais profunda do que estudam e tem sido amplamente adotado de diversas formas em todo o mundo nas últimas décadas.
Tanto crianças como adultos podem achar matemática difícil porque é abstrata
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Como funciona ‘o método de Singapura’?
Existem duas ideias centrais subjacentes ao ‘método de Singapura’: a abordagem Concreto-Pictórico-Abstrato (CPA) e a noção de domínio.
O CPA não é exclusivo do ‘método de Singapura’ e foi desenvolvido pelo psicólogo americano Jerome Bruner (1915-2016) na década de 1960.
Baseia-se na ideia de que as crianças ou mesmo os adultos podem achar a matemática difícil porque é abstrata.
Assim, o CPA introduz conceitos abstratos de forma tangível, e só então avança para assuntos mais complexos.
“Na matemática de Singapura, as crianças sempre fazem algo concreto”, diz à BBC Ariel Lindorff, professora-associada de Educação na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
“Eles podem ter cubos para adicionar e colocá-los juntos. Eles podem fazer algo pictórico. Eles podem ter algumas imagens de flores que eles juntaram, ou pessoas ou sapos ou algo que seja mais fácil de relacionar e navegar do que apenas números.”
O CPA fornece assim uma forma de compreender a matemática através destas diferentes representações.
Depois que as crianças demonstram que possuem uma compreensão sólida dos estágios concretos e pictóricos do problema matemático, progridem para um estágio abstrato de aprendizagem.
“O método de Singapura não depende de memorização”, explica Lindorff.
Domínio da matemática
Crianças em Singapura indo à escola
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Outro pilar do método de Singapura é a noção de “domínio” — a ideia de que todos os alunos da turma avançam juntos, garantindo que ninguém fique para trás.
Por exemplo, quando as crianças aprendem um determinado tópico, como adição, algumas podem compreendê-lo mais rapidamente do que outras.
No entanto, em vez de transferir esses alunos para uma disciplina totalmente diferente, são dadas a eles atividades adicionais relacionadas com o mesmo tópico para aprofundar a sua compreensão.
“Isso não significa que todos tenham que parar e esperar até que cada aluno se atualize”, diz Lindorff.
“A ideia é que se algumas crianças tiverem uma compreensão muito boa da adição, o professor não as levará à subtração, mas em vez disso lhes dará algo que amplie um pouco mais o conceito de adição.”
Essas atividades poderiam funcionar em números maiores ou em formatos diferentes.
Assim, as crianças que têm melhor compreensão ainda resolverão o mesmo tipo de problemas que o restante da turma, mas de uma forma diferente.
No ‘método de Singapura’, é crucial permitir que os alunos percebam a matemática como importante e acessível.
“A ideia é que todos sejam capazes de fazer contas e todos deveriam ser capazes de dominar esse conceito até certo ponto”, diz Lindorff.
“Alguns podem ser mais rápidos, outros podem ser um pouco mais profundos no que entendem… Muitas vezes pensamos que algumas pessoas entendem matemática e outras simplesmente não — não é nisso que acredito sinceramente, e isso também não é algo subjacente ao método de Singapura.”
O ‘método de Singapura’ poderia funcionar em outro lugar?
Lindorff acredita que não é fácil para outros países replicar sucesso do método de Singapura
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O método de Singapura já está em uso em vários outros países, como os Estados Unidos, Canadá, Israel, Reino Unido e outros.
Mas Lindorff acredita que esse sucesso está intimamente relacionado com a cultura educacional, o contexto e a história de Singapura.
“Não acredito que se possa simplesmente adotar o método em outros países”, diz ela.
“Singapura tem uma história interessante e única e é um lugar muito pequeno. Pensar na mudança educacional em Singapura é diferente de pensar na mudança no Reino Unido ou nos EUA.”
Ela também salienta que os professores em Singapura têm melhores perspectivas de carreira e melhor apoio em comparação com outros países.
Além disso, acrescenta, a atitude das crianças de Singapura em relação à matemática é também um fator determinante para o sucesso do método.
“Qual é o benefício de aprender matemática e qual é o sentido disso”, questiona.
“É apenas para resolver algumas questões do dever de casa ou é para resolver problemas em suas vidas?”
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Brasil ocupa últimas posições em ranking do Pisa 2022
Fonte: G1 Read More