Sara de Souza Bastos, de 20 anos, buscou inspiração na jornada dupla da mãe em casa para elaborar dissertação no domingo (5) em Ribeirão Preto, SP. Sara de Souza Bastos ficou emocionada em Ribeirão Preto, SP, com tema da redação no Enem 2023
Juliana Moratto/g1
A estudante Sara de Souza Bastos, de 20 anos, ficou emocionada neste domingo (5) em Ribeirão Preto (SP) ao comentar o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os participantes tiveram que desenvolver uma dissertação sobre os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Segundo a jovem, o tema é algo que ela vivenciou de perto, observando o esforço da mãe, uma técnica de enfermagem, que se desdobrou para trabalhar fora e cuidar da filha única ao mesmo tempo.
“Eu sabia o tema, mas ainda assim ficou difícil, porque era sobre a mulher e a invisibilidade dela, o que acontece com a minha mãe, e aí acaba confundindo nossa cabeça”, afirma.
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Esforço pela filha
A mãe de Sara é natural do interior da Bahia. Mesmo com tias morando em Ribeirão Preto, fazia questão de cuidar sozinha da filha porque achava que ia incomodar pedir ajuda aos outros. Além disso, ela sempre trabalhou fora e em empregos em Serrana (SP) e Ribeirão Preto.
“Ela sempre fez de tudo para me dar boas coisas e uma qualidade de vida. Hoje, nossa casa é nossa, porém já moramos de aluguel em uma casa pequena e de favor com minha tia até chegar aqui.”
Aos 30 anos, a mãe decidiu que ia ser técnica de enfermagem e não mediu esforços para conciliar casa, estudo e trabalho, segundo a filha.
“Eu reconheço todo esforço da minha mãe. Ela é um dos meus maiores exemplos, além de sempre incentivar a ser melhor que ela e além dela, ela é uma grande mulher.”
Atualmente, de acordo com a jovem, a mãe precisou se ausentar do trabalho por causa do tratamento contra um câncer.
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Dificuldades em busca de um futuro melhor
Em busca de um futuro profissional com amplas possibilidades para realizar os sonhos, a jovem busca uma vaga no curso de administração em uma universidade pública. Sara já havia sido aprovada no vestibular para uma faculdade particular, mas preferiu enfrentar o desafio do Enem.
Sara cursa o 3º ano do Ensino Médio e trabalha no setor de recursos humanos de uma empresa como menor aprendiz. Na opinião dela, a prova foi difícil por causa dos textos longos e da qualidade deficitária do ensino público no país.
Há dois anos, a carga horária das disciplinas tradicionais foi reduzida para dar lugar a matérias optativas conforme o interesse do estudante.
No entanto, escolas sem infraestrutura suficiente, a falta de formação adequada dos professores e menos espaço para as disciplinas convencionais são alguns dos pontos que, na visão de alguns setores, podem ampliar ainda mais a desigualdade no acesso ao ensino superior entre os alunos da rede pública e os da rede particular.
“Espero que ano que vem as pessoas tenham uma oportunidade melhor que a minha. Eu te falo, não ter matemática, ciências, física e eles me cobrarem isso? Eu tenho que fazer uma prova para entrar na faculdade onde eu não tenho acesso à metade do que eles estão me cobrando. Como que eu vou passar em um provão, sendo que eu não tenho as matérias de metade da prova?”, questiona.
A jovem destacou ainda as complexidades de ter que conciliar o trabalho com os estudos, mesmo se dizendo comprometida em aprender.
“Estou no final do último ano, mas ou eu faço uma coisa ou eu faço outra. Ou eu trabalho ou faço isso, eu vou estudando na hora que dá”, diz.
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Fonte: G1 Read More