O número – segundo os pesquisadores da FGV é baixo – mas é o melhor da série histórica, iniciada em 2010, quando menos de 13% das crianças dessa faixa etária estavam matriculadas. Enquanto isso, mais de 1,2 mil obras de creches e pré-escolas estão paradas no país. Em 2022, apenas 30% das crianças de até 3 anos estavam matriculadas em creches
Reprodução/TV Globo
Em todo Brasil, 2,5 milhões de crianças de 2 e 3 anos de idade estão fora da creche, segundo um levantamento de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas. Enquanto isso, mais de 1,2 mil obras de creches e pré-escolas estão paradas no país (saiba mais abaixo).
Os dados mostram que, no ano passado, apenas 30% das crianças de até 3 anos estavam matriculadas em creches. O número – segundo os pesquisadores da FGV é baixo – mas é o melhor da série histórica, iniciada em 2010, quando menos de 13% das crianças dessa faixa etária estavam matriculadas.
“O plano nacional estipulava que os municípios e os estados deveriam ter 50% das crianças de 0 a 3 anos, na escola. Atualmente, parte dos estados e municípios estão longe dessas metas estabelecidas, em particular os estados das regiões Norte e Nordeste”, ressalta a economista do Ibre/FGV, Janaína Feijó.
Em Itapevi, na Grande São Paulo, quatro mães que moram numa mesma rua têm enfrentado o desafio de conseguir colocar os filhos pequenos na creche para conseguir trabalhar. Os quatro filhos da Beatriz Cavalcanti nunca tiveram uma vaga na creche. O mais velho entrou agora no ensino infantil.
“A professora falou que ele está muito atrasado, porque ele não teve contato com a escola. Está no pré dois e não sabe de nada. Está aprendendo as letrinhas agora. Ele esta muito atrasado”, comenta a auxiliar de cozinha.
A Andressa, a Jersica, a Beatriz e a Talita moram do outro lado da rua de uma escola municipal, mas a unidade só atende crianças a partir dos quatro anos de idade. A reportagem entrou em contato com as três creches que ficam num raio de um quilômetro das residências e a resposta foi a mesma: não há vagas disponíveis.
Obras de creches e pré-escolas paradas no país
Ao mesmo tempo, o país tem mais de 1,2 mil obras – de creches e de pré-escolas paradas – como uma em Teresina. A construção do centro municipal de ensino infantil começou há oito anos, mas nunca acabou.
A Rosilene sonhou com o filho estudando no prédio. “O meu já esta desse tamanho e outras que estão tendo e já estão crescendo também já está ficando rapaz praticamente e nada da obra concluir”, comenta.
No Distrito Federal, um centro de educação da primeira infância está em obras desde 2021. Na placa do governo do estado, o prazo de entrega foi coberto. Na do governo federal, o termino estava marcado para 14 de maio de 2022. O prédio receberia 396 crianças em dois turnos.
Embora o governo federal tenha lançado um programa para retomar obras paradas em todo o país, os especialistas ressaltam que a construção das creches é apenas o primeiro passo para resolver o problema, sendo necessário garantir também a qualidade do ensino e da estrutura dessas instituições.
“A gente sabe que no brasil existe o grande desafio que é a qualidade dessa escola passa por você recrutar profissionais de qualidade e manter a estrutura e também fazer com que funcione essa estrutura. Então a gente sabe que fazer a creche é só o primeiro passo de uma longa jornada que o brasil precisa enfrentar”, destaca Janaína Feijó.
O que dizem os envolvidos?
Sobre as mães que não conseguiram vaga, em Itapevi, na Grande São Paulo, a prefeitura da cidade disse que está construindo mais duas novas creches, uma delas no bairro dessas mães. Disse ainda que aguarda verba do governo federal para construir mais cinco unidades e que vai abrir mil vagas no ano que vem, em parceria com organizações sociais.
Sobre a obra da creche de Teresina que está parada, a prefeitura da cidade disse que abriu outro processo licitatório para retomar os trabalhos.
Já sobre a obra parada no Distrito Federal, o governo local disse que a creche que mostramos na reportagem está 60% pronta e que a Secretaria de Educação está se esforçando para atender a demanda por vagas.
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Fonte: G1 Read More